O que é o mundo, senão um escoamento de formas, e o que é a vida, senão uma taça que, aparentemente, se esvazia entre duas noites? E o que é a oração, senão o único ponto estável — feito de paz e de luz — neste universo de sonho, e a porta estreita que leva a tudo o que o mundo e a vida buscaram em vão?

Na vida de um homem, estas quatro certezas são tudo: o momento presente, a morte, o encontro com Deus, a eternidade. A morte é uma saída, um mundo que se fecha; o encontro com Deus é como uma abertura para uma infinitude fulgurante e imutável; a eternidade é uma plenitude de estar na pura luz; e o momento presente é, em nossa duração, um lugar quase inapreensível no qual já somos eternos — uma gota de eternidade no vai-e-vem das formas e das melodias.

A oração dá ao instante terrestre todo seu peso de eternidade e seu valor divino; ela é a barca santa que conduz, através da vida e da morte, à outra margem, ao silêncio de luz — mas no fundo não é ela que atravessa o tempo repetindo-se, é o tempo que, por assim dizer, se detém diante de sua unicidade já celeste.

Schuon, Les stations de la sagesse, L’Harmattan, 2011, p. 144.