Ascensão de Cristo — ícone ortodoxo.

O Cristianismo é que “Deus se fez o que nós somos, para nos fazer o que ele é” (Santo Irineu); é que o Céu se tornou terra, a fim de que a terra se torne Céu. Cristo retraça no mundo exterior e histórico o que acontece, desde o começo do tempo, no mundo interior da alma. No homem, o Espírito puro se faz ego, a fim de que o ego se torne puro Espírito; o Espírito ou o Intelecto (Intellectus, não mens ou ratio) se faz ego encarnando-se na mente sob a forma de intelecção, de verdade, e o ego torna-se Espírito ou Intelecto unindo-se a ele.

O Cristianismo é assim uma doutrina de união, ou a doutrina da união: o Princípio
se une à manifestação, a fim de que esta se una ao Princípio; de onde o simbolismo do amor e a predominância da via “bháktica”. Deus tornou-se homem “por causa de seu imenso amor” (Santo Irineu), e o homem deve se unir a Deus também pelo “amor”, seja qual for o sentido — volitivo, emotivo ou intelectivo — que se dê a este termo. “Deus é Amor”: ele é — enquanto Trindade — União e ele quer a União


Frithjof Schuon, trecho do artigo “Gnose Cristã”, publicado neste website.