Taití c. 1910.

O monge ou o eremita, ou todo contemplativo, mesmo que seja um rei, vive como numa antecâmara do Céu; na própria terra e no corpo carnal, ele se ligou ao Céu e se fechou num prolongamento dessas cristalizações de Luz que são os estados celestes.

Compreende-se, assim, que religiosos possam ver na vida monástica seu “Paraíso na terra”; em suma, eles repousam na Vontade divina e, neste mundo, não esperam mais do que a morte, e, desta forma, eles já a atravessam. Eles vivem neste mundo de acordo com a Eternidade.

Os dias que se seguem não fazem senão repetir sempre o mesmo dia de Deus; o tempo se detém num dia único e bem-aventurado, e assim reencontra a Origem, que é também o Centro. E é esta simultaneidade elísia que os mundos antigos sempre têm em vista, ao menos em princípio e em suas nostalgias.

Uma civilização é um “corpo místico”, ela é, na medida do possível, um contemplativo coletivo.


Frithjof Schuon, “Sobre os mundos antigos”, em O Homem no Universo, Ed. Perspectiva.