Conhecer, querer, amar: eis toda a natureza do homem e, por consequência, toda a sua vocação e todo o seu dever. Conhecer totalmente, querer livremente, amar nobremente; ou, em outros termos: conhecer o Absoluto, e ipso facto suas relações com o relativo; querer o que se impõe a nós em função desse conhecimento; e amar o verdadeiro e o bem, e o que os manifesta neste mundo; portanto amar o belo, que conduz a eles.
O conhecimento é total ou integral na medida em que tem por objeto o que é mais essencial e portanto mais real; a vontade é livre na medida em que visa ao que, sendo mais real, nos libera; e o amor é nobre tanto pela elevação do objeto quanto pela profundidade do sujeito; a nobreza depende de nosso senso do sagrado.
Amore e’l cuor gentil sono una cosa [*]: o mistério do amor e o do conhecimento coincidem.
[*] “O amor e o coração nobre são a mesma coisa”. Primeiro verso de um famoso soneto de Dante Alighieri contido na obra Vita Nuova. (Nota do editor.)
Frithjof Schuon, Raízes da Condição Humana, Kalon, 2014, pp. 10-11. Livro disponível neste website.