Fala-se habitualmente do dever de se fazer útil à sociedade, mas se se omite de levantar a questão de saber se essa sociedade é útil, isto é, se ela realiza a razão de ser do homem e, portanto, de uma comunidade humana; evidentemente, se o indivíduo deve ser útil à coletividade, esta, por sua vez, deve ser útil ao indivíduo. A qualidade humana implica que a coletividade não poderia ser o objetivo e a razão de ser do indivíduo, mas que, ao contrário, é o indivíduo que, em sua posição solitária diante do Absoluto e, portanto, pela prática de sua função mais elevada, é o objetivo e a razão de ser da coletividade.
O homem, seja concebido no plural ou no singular, se apresenta como um “fragmento de absolutez”, e ele é feito para o Absoluto; ele não tem outra escolha. Pode-se definir o social em função da verdade, mas não se pode definir a verdade em função do social.
Frithjof Schuon, extrato de “Nenhuma iniciativa sem a Verdade”, ensaio publicado neste website.