É possível que um homem tenha um desejo sincero de humildade — portanto de objetividade em relação a si mesmo — e realize em função disto um modo de humildade real, mas que ao mesmo tempo ele não suporte nenhuma humilhação, mesmo merecida ou leve; neste caso, a humildade se acha comprometida em maior ou menor medida por um elemento de orgulho, que se manifestará também por uma certa propensão a humilhar os outros, e isto nem que seja subestimando e interpretando desfavoravelmente algo que poderia ter uma interpretação favorável.
A mistura possível da humildade e do orgulho prova que o orgulho, como a paixão, tem graus: convém de fato distinguir entre um vício que está na própria substância do homem e outro que não é mais que um acidente; o acidental é sanável, o substancial, não.
Frithjof Schuon, “O duplo escolho”, ensaio publicado neste website.