A pobreza é não se apegar, na existência, nem ao sujeito nem ao objeto. Fala-se muito das ilusões sutis e das seduções que desviam o peregrino espiritual da via reta e provocam sua queda. Ora, essas ilusões só podem seduzir aquele que deseja alguma vantagem para si, como poderes ou dignidades ou glória, ou que deseja gozos interiores ou visões celestes ou vozes, e assim por diante, ou um conhecimento tangível dos mistérios divinos.
Mas aquele que na oração nada busca de terrestre, de modo que lhe é indiferente ser esquecido pelo mundo, e que além disso não busca nenhuma sensação, de modo que lhe é indiferente não receber nada de sensível, este tem a verdadeira pobreza e não pode ser seduzido.
Na verdadeira pobreza, só resta a existência pura e simples, e esta é em sua essência Ser, Consciência e Beatitude. Na pobreza já não resta ao homem senão o que ele é, portanto tudo o que é.
Frithjof Schuon, Pérolas do Peregrino.