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Jesus Cristo e os mercadores no templo, por Giotto.

Em nossos dias, louva-se a “objetividade” de um homem que afirma calmamente e friamente que dois mais dois são cinco, e acusa-se de subjetividade ou de emotividade o homem que replica com indignação que dois mais dois são quatro; não se quer admitir que a objetividade é a adequação ao objeto, e não tal ou qual modo de expressão; que o critério da objetividade é a realidade, não o tom, nem a mímica; nem, sobretudo, uma placidez fictícia, inumana e insolente.

Esquece-se, sobretudo, também, que a emoção tem seus direitos no arsenal da dialética humana, e que estes — dado que são direitos — não poderiam ser contrários à objetividade; mesmo o pensamento mais estritamente objetivo — intelectual ou racional — acompanha-se de um fator psíquico, portanto subjetivo, a saber, o sentimento de certeza; sem o que o homem não seria o homem. Ora, o homem é “feito à imagem de Deus”, esta é toda a sua razão de ser; censurar um traço natural e fundamental do homem equivaleria a censurar não somente a intenção criadora, mas a própria natureza do Criador.


Frithjof Schuon, “Ambiguidade do elemento emocional”, em Résumé de Métaphysique Intégrale, Le Courrier du Livre, Paris, 1985, pp. 98-99.